Obrigações – O que são e será que valem a pena?

As obrigações são das principais aplicações financeiras nos dias que correm. No entanto, são ainda aplicações pouco conhecidas por muitas pessoas. Neste artigo vamos falar-lhe das obrigações, das suas potencialidades e riscos.

Onde surgiram as obrigações?

As obrigações financeiras são um ótimo mecanismo de diversificação de fontes de financiamento por parte de empresas e mesmo dos Estados, especialmente no que toca ao custo para quem pede emprestado (é muito inferior ao custo de formas alternativas como os empréstimos bancários e as ações). E isto é possível porque os empréstimos obrigacionistas permitem colocar estes produtos em milhares de investidores que também eles diversificam os seus riscos.

Uma obrigação é conhecida em Inglês como Bond e na sua génese como Fixed Income. Em poucas palavras, cria-se uma ligação entre uma empresa e um investidor que confere um rendimento fixo, conhecido e periódico. Claro que com o tempo foram sendo criados outros tipos de obrigações. Como percebemos, a previsibilidade de rendimento torna estas aplicações potencialmente bastante atrativas para todos os investidores que queiram segurança.

Quais os elementos característicos das obrigações?

Todas as obrigações têm um conjunto de características que as distinguem:

  • Taxa de Juro – É conhecida como taxa de cupão, mas na prática represente o juro que iremos receber, que poderá ser uma taxa fixa ou um valor indexado a determinado indexante (como tempos no caso dos créditos habitação a taxa variável).
  • Valor Nominal – O valor de cada obrigação, particularmente importante no reembolso que é feito a este valor (normalmente 100%);
  • Preço de Emissão – Um valor que é expresso em percentagem do valor nominal. Por exemplo, teremos o preço de 98%.
  • Maturidade – O prazo do investimento, em anos.
  • Método de Amortização – O método tradicional é recebermos o cupão todos os períodos e receber no final o valor nominal do empréstimo. Podemos ter outros, como as obrigações perpétuas (nunca são pagas) ou as obrigações cupão zero (que não pagam cupão).

O que é a Yield to Maturity?

As obrigações financeiras podem ser comercializadas no mercado financeiro ao longo do prazo do contrato. Ou seja, se comprar hoje uma obrigação tem a possibilidade de a vender no futuro (se alguém a quiser comprar). Assim, o preço da obrigação pode subir ou pode descer. Pode comprar/vender abaixo ou acima do preço de compra. No entanto, temos um problema que não temos nas ações: as obrigações têm um prazo de reembolso e o pagamento é 100%. Logo, é necessário ter uma fórmula de cálculo que tenha em consideração:

  • Rendimento gerado – Associado à taxa de cupão;
  • Valorização / desvalorização da Obrigação – Por exemplo, se comprar a obrigação hoje a 105% e se a obrigação vencer dentro de 12 meses, terá um “prejuízo” de 5% por esta via (que é compensado pelo rendimento).

Numa altura em que as taxas de juro caem, o preço das obrigações sobe. Parece estranho mas o movimento é inverso. E isto acontece porque a taxa de juro da sua obrigação (que é fixa) se torna mais atrativa face a produtos alternativos. Naturalmente que o contrário também é verdade. Ou seja, quando as taxas de juro sobem as obrigações desvalorizam. Nessa altura os investidores têm incentivo em vender as suas obrigações para investir noutros investimentos mais interessantes.

Qual o risco de investir em obrigações?

Podemos destacar um conjunto de riscos para quem investe em obrigações:

  • Risco do Emitente – O risco associado à capacidade da entidade a quem empresta não conseguir pagar os juros e o capital emprestado. Este risco pode ser medido pelo rating (que certamente já terá ouvido falar) e pode resumir-se ao risco de falência.
  • Risco de taxa de juro – O risco associado ao impacto de subidas e descidas das taxas de juro de mercado no preço da obrigação, como referido acima. De notar que este risco pode ser favorável ao investidor. O impacto do risco de taxa de juro será tanto maior quanto maior a maturidade da obrigação.
  • Risco de Mercado – Um risco que existe na generalidade das aplicações financeiras e que se resume aos impactos que o mercado onde a empresa atua tem na qualidade das operações da empresa. Por exemplo, se a república tem uma descida de rating isso reflete-se de imediato no risco da empresa.
  • Conflitos de interesse – Podem existir riscos associados a conflitos de interesse entre os obrigacionistas e os acionistas. Os acionistas podem ter interesse em tomar determinadas decisões que acabem por penalizar os obrigacionistas. Por exemplo, pedir mais dinheiro emprestado ou pagar dividendos extraordinários, decisões que reduzem a qualidade do investimento do obrigacionista (aumentam o risco de crédito).

O investimento em obrigações de forma direta é caro e potencialmente pouco atrativo. De notar que o nível de comissionamento é proibitivo, pois pagamos comissão pela compra, pela custódia, pelo recebimento de cupão e pela venda. Logo, estamos a trabalhar para o banco. Se quer investir em obrigações pode fazer mais sentido investir por intermédio de fundos de investimento ou de ETF. Mas se tiver dúvidas sobre a sua alocação de ativos ou sobre como montar uma estratégia de investimento, pode contar com as nossas soluções de coaching e mentoria financeira.

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