Taxa fixa ou taxa variável no Crédito habitação?

A nossa habitação é um dos grandes investimentos que fazemos na vida. Dado o seu valor financeiro, precisamos de recorrer ao crédito habitação para comprar um imóvel. Neste contexto, surge a dúvida sobre qual a melhor alternativa: escolher taxa fixa ou taxa variável? Neste artigo vamos ajudá-lo a decidir.

O que é a taxa de juro?

A taxa de juro é o custo do dinheiro. É o valor que nos é cobrado pela utilização do dinheiro dos outros ou a taxa que nos é paga nas nossas aplicações financeiras. É certo que o banco nos cobra outros custos e comissões, mas no caso do crédito habitação, o juro é ainda o principal encargo que suportamos, sendo que podemos ter duas situações:

  • Taxa Fixa – Uma taxa que não se altera ao longo de todo o contrato.
  • Taxa Variável – Uma taxa que resulta da soma do spread com a taxa EURIBOR. Na prática, o spread é fixo mas a EURIBOR varia.

A taxa de juro está associada ao nível de risco da operação e ao nível de garantias que o cliente dá. Por outro lado, o risco está associado ao horizonte de tempo da operação. Assim, saiba que os empréstimos a taxa fixa têm mais risco para o banco, na medida em que é mais difícil de prever o seu próprio custo. Logo, é de esperar que os créditos a taxa fixa sejam mais caros (pelo menos no curto prazo) do que os créditos a taxa variável.

Como funcionam as taxas de juro?

Para saber qual a melhor alternativa para o seu crédito é necessário que perceba o mecanismo de funcionamento das taxas de juro. Como regra de bolso, considere:

  • Em momentos de crescimento económico as taxas de juro tendem a subir. O dinheiro fica mais escasso pelo que fica mais caro. Os Bancos Centrais tendem a subir as taxas de referência de modo a arrefecer um pouco a economia e conter a subida do nível de preços;
  • Em momentos de depressão económica é necessária dar um estímulo às economias, pelo que os Bancos Centrais cortam as taxas de referência de modo a tornar o dinheiro mais barato e com isto incentivar o investimento. Logo, as taxas de juro de mercado tendem a baixar.

Temos estas duas regras, mas temos também de perceber que em momentos de crescimento, o risco das operações tende a reduzir-se, ao passo que em momentos de crise temos mais risco por parte dos clientes (mais desemprego, por exemplo).

O que vai acontecer às taxas de juro?

Quando escrevemos este artigo pela primeira vez, estávamos em situação de crise económica provocada pela pandemia. Nessa altura, as taxas de juro estavam negativas e não se previa uma subida. No entanto, a guerra veio alterar o cenário por completo, nomeadamente provocando inflação, acabando por ser desculpa para os problemas económicos. O certo é que os consumidores estavam ávidos por consumo, após anos de restrições e os governos inundaram as economias de dinheiro.

Neste cenário, entramos num cenário de inflação elevada e que poderá demorar mais tempo do que o previsto a corrigir, obrigando os bancos centrais a subir taxas de juro. No momento da escrita deste artigo, as taxas têm subido bastante e espera-se que venham a subir mais. Até quanto e com que rapidez não sabemos.

Como decidir a melhor alternativa para o seu caso?

Quem escolhe a taxa fixa está a escolher a previsibilidade. Está a optar por pagar um valor superior para garantir que a prestação não se altera. Está a ser previdente e a jogar pela prudência.

Quem escolhe a taxa variável tende a privilegiar uma prestação mais baixa no curto prazo, mesmo que isso implique que no futuro vá pagar mais. Assim, deverá procurar perceber o que mais valoriza e ter em conta o cenário que estamos a viver atualmente. Adicionalmente, deve considerar se tem espaço no seu orçamento para pagar uma prestação superior no curto prazo. Pela positiva, os créditos a taxa fixa tendem a ter uma aprovação mais facilitada, uma vez que os bancos não têm de simular situações de subidas das taxas de referência e fazer refletir essas simulações na avaliação do risco.

Será que vale a pena escolher uma taxa mista?

A taxa mista conjuga as taxas fixas e variável. Na prática, contrata um período de taxa fixa durante uns anos e que depois passa para taxa variável pelo prazo remanescente. Algumas ideias:

  • Irá pagar uma taxa fixa (maior) na altura em que o valor em dívida é maior. Logo, paga uma taxa maior sobre um capital maior, quando deveria ser ao contrário.
  • O benefício da taxa fixa é para o longo prazo, pois nos primeiros anos não vale a pena. Logo, contratos com taxas fixas a 3 anos, 5 anos ou 10 anos tendem a não ser vantajosos.
  • No cenário atual de taxas de juro negativas, a diferença entre taxa fixa e taxa variável pode ser de 100%. Este é o custo da previsibilidade.

Em suma, se puder, não escolha a taxa mista pois não costuma ser muito vantajosa.

Qual o próximo passo?

Para saber qual a melhor solução para o seu caso concreto deve utilizar um simulador de crédito habitação e estudar os diferentes cenários. Poderá consultar um dos nossos consultores de modo a fazer as suas contas, não esquecendo de analisar os diferentes custos extra juro, nomeadamente o seguro de vida do crédito habitação ou o seguro multirriscos e demais comissões. Claro que na decisão também interessa se estamos a falar da sua habitação própria e permanente ou de um investimento imobiliário, pois a previsibilidade e outras questões financeiras acabam por impactar a decisão de forma diferente.

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